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Ator de Pantanal revela o que o fez mudar de ideia sobre a fé após segredo do pai

O ator Gabriel Stauffer, conhecido por interpretar Gustavo na primeira fase da novela Pantanal, compartilhou aspectos de sua vida pessoal em um podcast recente. Stauffer revelou que cresceu em Curitiba, sua cidade natal, com uma forte ligação com a Igreja Presbiteriana, ambiente que frequentou durante toda a infância e adolescência. No entanto, seu afastamento da instituição religiosa ocorreu após seu pai, o jornalista Sérgio Wesley, revelar sua homossexualidade.
O ator, de 36 anos, descreveu o impacto da notícia em sua perspectiva sobre a fé. ‘Fiquei muito confuso. Como um Deus — pai de todos — poderia preparar um inferno para o meu pai?’, questionou Stauffer durante a conversa no podcast Retrato gravado. Ele continuou, expressando sua dificuldade em conciliar a figura divina que aprendeu na igreja com a ideia de punição para seu pai: ‘Como que eu vou acreditar num Deus que preparou um lugar para o meu pai e mais um monte de gente ser chicoteada pela eternidade? Comecei a me indagar sobre essas coisas e parei de acreditar nisso’. Diante desse dilema, o ator optou por priorizar o amor incondicional. ‘Prefiro amar incondicionalmente meu pai do jeito que ele é, assim como amo a minha mãe, minha irmã, meus sobrinhos…’, afirmou ele.
Apesar do afastamento da igreja, Gabriel Stauffer ressaltou que a relação entre seus pais se mantém harmoniosa. Ele contou que a revelação da homossexualidade de Sérgio Wesley aos filhos ocorreu em 2017, após o pai enfrentar uma cirurgia de alto risco. O ator detalhou a convivência familiar atual, mencionando que seu pai tem um namorado e todos se relacionam bem.
O impacto da revelação e a busca por autenticidade
Stauffer descreveu a revelação do pai como um momento significativo e positivo em sua vida. ‘Foi muito impactante pra mim e importante também’, disse ele. O ator expressou gratidão pela atitude do pai em compartilhar sua verdade. ‘Hoje fico feliz e grato pelo meu pai ter contado isso pra gente, ter conseguido falar’, declarou. Ele refletiu sobre a coragem necessária para tal atitude, especialmente em uma sociedade que, em sua avaliação, ainda apresenta traços machistas e preconceituosos. ‘Para um homem, numa sociedade que a gente vive, que ainda é machista e tem muito preconceito, um homem mais velho conseguir falar isso pra mulher, para os filhos, pra sociedade, acho que muito especial e necessário’, pontuou. A experiência o levou a refletir sobre a importância de ser fiel a si mesmo. ‘Às vezes, a gente se afasta do que a gente é, dos nossos desejos, por inúmeros motivos, e acabamos nos afastamos de quem somos’, avaliou.
Espiritualidade e projetos futuros
Gabriel Stauffer também abordou sua visão atual sobre espiritualidade, distinguindo-a da religião institucional. Ele explicou que, embora tenha sido educado dentro da igreja evangélica e vivido intensamente essa realidade até os 20 anos – período em que desenvolveu habilidades artísticas como canto, teatro, circo e palhaçaria –, começou a questionar os ensinamentos recebidos. ‘Acho que espiritualidade é diferente de religião e é uma busca individual’, afirmou. O ator revelou que mantém uma conexão com o divino, embora de forma distinta do que aprendeu na igreja. ‘Eu continuo orando, pedindo, vibrando, me relacionando com um deus, porque preciso disso’, disse, acrescentando: ‘Mas um Deus que é diferente daquele que aprendi dentro da igreja’. Para ele, o processo de transformação pessoal exige coragem e enfrentamento de medos, sendo uma jornada contínua. ‘Se transformar exige coragem, enfrentar seus medos. É doloroso e delicioso. E é uma busca que vai durar enquanto eu existir’, concluiu.
Inspirado pela história de sua família, Gabriel Stauffer planeja transformar essa experiência em um monólogo e também em um livro, que já está em processo de escrita. Além de Pantanal, o ator participou de outras produções televisivas, como A Força do Querer (2017), na Globo, e, mais recentemente, da série De Volta aos 15, da Netflix.
