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Há 38 anos, Ilze Scamparini cobriu uma das maiores tragédias da história do Brasil: ‘Algo assustador’

Reconhecida principalmente por sua atuação como correspondente internacional da TV Globo no Vaticano, Ilze Scamparini voltou a ocupar posição de destaque na cobertura da sucessão papal, com a morte de Francisco e a eleição de Leão XIV.
A jornalista, que se consolidou como uma das principais vozes brasileiras em reportagens sobre o catolicismo, já acumulava uma sólida carreira no jornalismo nacional antes de sua transferência para o exterior.
Scamparini ingressou na emissora em 1984 e, desde então, participou de reportagens exibidas nos principais noticiários da casa, como o Jornal Nacional. Um ano após sua entrada, cobriu o Rock in Rio, realizado em 1985, considerado um marco cultural no país. Já em 1988, como integrante do programa Globo Repórter, esteve à frente da cobertura de um dos episódios mais graves da história brasileira: o acidente radioativo com Césio-137 em Goiânia.
O incidente com Césio-137
O desastre aconteceu em setembro de 1987, quando um equipamento de radioterapia foi encontrado por catadores em uma clínica abandonada. O aparelho continha uma cápsula com 19 gramas de Césio-137, substância altamente radioativa.
A exposição descontrolada ao material resultou na contaminação de milhares de pessoas e na morte de pelo menos quatro delas, incluindo uma criança de seis anos, a primeira vítima fatal da tragédia. Segundo dados da Associação das Vítimas do Césio-137, divulgados em 2012, outras 104 mortes foram atribuídas, ao longo dos anos, a complicações decorrentes da radiação.
“Ver as pessoas que entraram em contato com o Césio-137 definharem e se encherem de feridas foi algo assustador. O enterro da vitimas no caixão de chumbo foi uma das imagens mais dolorosas pra mim”, disse a jornalista.
Repercussão artística
Durante sua cobertura, Scamparini relatou os efeitos devastadores do acidente, destacando não apenas o sofrimento das vítimas, mas também a resposta da sociedade civil. Um dos destaques foi a obra do artista plástico Siron Franco, que produziu a série “Césio” utilizando a terra contaminada de Goiânia. As esculturas e instalações foram criadas como forma de protesto e de memória, revelando a dimensão humana e emocional do desastre
