Cláudio Cavalcanti, astro de A Viagem, era ateu, mas gravações teriam abalado sua descrença

Com a reexibição de A Viagem no Vale a Pena Ver de Novo, o público revive momentos marcantes da novela e redescobre nomes importantes da teledramaturgia, como Cláudio Cavalcanti. Cavalcanti faleceu em 2013, aos 73 anos, deixando um legado em diversas áreas. Curiosamente, apesar de interpretar um personagem ligado ao espiritismo, ele se declarava ateu.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, chegou a dizer que não acreditava em Deus, pátria ou família, associando esses conceitos a tragédias históricas. Sobre sua atuação em A Viagem, comentou com ironia: “Aproveito para fingir que acredito em alguma coisa”.

A força de Dr. Alberto

Na trama de A Viagem, o Doutor Alberto desempenhava um papel fundamental ao auxiliar a mãe de Alexandre (interpretado por Guilherme Fontes), Dona Maroca (vivida por Yara Cortes na versão de 1994), a lidar com o processo de luto. O médium buscava estabelecer contato com o espírito de Alexandre em diversas cenas e, ao longo da história, desenvolvia um envolvimento afetivo com Estela (Lucinha Lins), uma das irmãs do personagem que tirou a própria vida.

Anos após a exibição original da novela, a atriz Lucinha Lins compartilhou sua percepção de que a participação na trama influenciou as crenças de Cláudio Cavalcanti. Ela relatou: “Cláudio Cavalcanti, por exemplo, que fazia meu par romântico na novela, era super ateu. Não ficou assim quando acabou a novela, não” , disse ela. “Teve alguma coisa ali que mudou nele, de ele dizer que estava lendo e querendo saber das coisas”, continuou a atriz.  “(Antonio) Fagundes também ria um pouco disso, mas tinha um respeito que foi acontecendo no meio disso tudo. Tiveram umas coisas bonitas ali” – disse Lucinha em entrevista ao programa The Noite.

Fim de carreira com critério

Com mais de 50 novelas no currículo, Cavalcanti interpretou personagens emblemáticos, como Jerônimo em Irmãos Coragem e o Padre Albano em Roque Santeiro. Nos últimos anos, reduziu suas aparições na TV. Seu último trabalho foi em Sessão de Terapia, sob direção de Selton Mello. Em entrevista antes de morrer, disse recusar convites que não o desafiavam: “Quero voltar com algo que me dê orgulho. Já fiz coisas boas e ruins. Agora, quero qualidade”.