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“Se rir virou crime, o silêncio virou regra”, diz Léo Lins após condenação

O humorista Leo Lins quebrou o silêncio e se pronunciou após ser condenado a oito anos de prisão por show com ofensas contra minorias. Em vídeo publicado nesta quinta-feira, 05/06, o famoso se justificou.
O artista afirmou que a análise da juíza que o condenou não poderia ser literal, pois a apresentação era de natureza ficcional. Ele também agradeceu aos colegas que se manifestaram a seu favor.



“Antes de me pronunciar, eu quis ler toda a sentença da juíza que condenou um humorista, no caso eu, há mais de 8 anos de prisão e uma multa de quase 2 milhões. Esse vídeo não é de piada. Eu tô em casa com os meus gatos. Aqui a pessoa Leonardo de Lima Borges Lins e não o comediante Leo Lins. Uma persona cômica criada ao longo de anos que faz piadas ácidas, críticas e que sabe que nem todas as piadas são para todas as pessoas”, iniciou Leo.
E completou: “Talvez nem todos saibam, mas o humorista num palco interpreta um personagem, uma persona cômica. Na construção do texto nós utilizamos figuras de linguagem, hipérbole, metáfora e ironia numa licença estética e, portanto, uma análise literal desse texto não se aplica na estrutura do cômico”.
Obra teatral?
O humorista reforçou que o show é uma peça ficcional e também criticou o posicionamento da Justiça. “Show de humor, apresentação de stand-up comedy, obra teatral, ficção, você está entrando em um teatro, está em um canal do humorista Leo Lins, mas parece que as pessoas perderam a capacidade de interpretar o óbvio. Estamos vivendo uma das maiores epidemias dos últimos tempos, a da cegueira racional. Os julgamentos são feitos puramente baseados em emoção e ninguém quer mais ouvir o próximo, quer no máximo convencê-lo da sua própria verdade. Isso pode trazer consequência para qualquer pessoa, mas no caso de um juiz, de uma juíza, pode trazer consequências gravíssimas”, relatou.
“Concordar com sentenças como essa é assinar um atestado que nós somos adultos infantiloides sem a menor capacidade de discernir o que é bom ou ruim para nós e precisamos de um estado falando do que você pode rir, o que você pode ouvir, o que você vai poder comer, o que você pode falar e até um dia o que você pode pensar”, disparou Leo.
